Nos últimos dois anos, muito se tem falado dos benefícios da inteligência artificial para os departamentos de recursos humanos. Contudo, ainda que existam inúmeras vantagens, não podemos ignorar os desafios associados à implementação deste tipo de tecnologias na gestão de pessoas. O que, no fundo, significa que “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, como já dizim os gregos no século I a.C numa referência a Damocles e à sua espada.
Mas continuemos, porque somos fãs da inteligência artificial e de todas as melhorias que trouxe à gestão do processamento salarial e dos recursos humanos. Apenas temos de garantir de que a sua aplicação é feita corretamente para que se minimizem as consequências da sua implementação, enfrentando os novos desafios que acarreta.
Reptos da aplicação de Inteligência Artificial nos Recursos Humanos
- Segurança – O uso de Inteligência Artificial em recursos humanos é segura. Não obstante, devemos estar atentos a questões que podem criar falhas de segurança como a privacidade dos dados ou a ética.
A implementação de tecnologia IA pressupõe a recolha e análise de uma série de dados pessoais que devem ser geridos de forma segura e em cumprimentos com a lei da proteção da privacidade e as regulamentações mais atualizadas.
Quanto às implicações éticas, devem ser estabelecidas diretrizes claras para garantir que as decisões tomadas com base na inteligência artificial são adequadas e estão alinhadas com os valores da organização.
- Mudanças nos postos de trabalho – Ainda que muitas tenham sido as pessoas que se sentiram ameaçadas aquando do surgimento da IA nos departamentos de recursos humanos, por receio de que esta tecnologia levasse à extinção de muitos postos de trabalho, cujas tarefas poderiam ser automatizadas através do uso de ferramentas de inteligência artificial, está-se finalmente a demonstrar que irá resultar – e que já resultou – numa redefinição de funções e na necessidade de desenvolver novas competências (o chamado reskilling de que falámos num dos nossos últimos artigos).
- Emoções – Está claro que, apesar de todos os benefícios que a IA traz ao nosso trabalho diário, não é a solução para todos os problemas nos recursos humanos. Por exemplo, em matéria de recrutamento ou de entradas e saídas de pessoal, embora seja uma tecnologia muito útil para melhorar certas fases do processo, carece de empatia e da capacidade para compreender o contexto emocional dos humanos e as suas circunstâncias pessoais, que podem ser de caráter pontual no momento da análise, ou permanente.
- Igualdade e descriminação – Em todos os processos de seleção de pessoas, devemos estar atentos aos critérios que a inteligência artificial segue. Ou seja, se os algoritmos são treinados com base em dados incorrectos, pode dar-se lugar a situações de descriminação de certos candidatos. Assim, se o histórico de contratação de uma empresa é favorável a certos grupos, a IA poderá replicar esses padrões descriminatórios em futuros processos de seleção.
Posto isto, a IA irá ajudar-nos muito mais do que prejudicar. Apenas temos que usá-la bem, atendendo a estes quatro pontos que demonstram a ainda alguma imaturidade da tecnologia. Por isso, para evitarmos complicações, o melhor é aconselharmos-nos com os melhores profissionais na gestão de recursos humanos e nos que usam as ferramentas mais reconhecidas.