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Três fatores para ajudar na implementação da IA

Na última década, a IA passou a fazer parte das nossas rotinas, ainda que subtilmente. Desde os algoritmos das redes sociais, até aos chatbots de apoio ao cliente, a IA foi transformando a forma como vivemos e trabalhamos, de um modo silencioso.

Mas, em 2022, com o lançamento do ChatGPT, o debate sobre esta tecnologia alcançou novos patamares. Têm sido várias as conferências e vários os webinars com especialistas em IA, que nos mostram o quanto esta tecnologia nos pode ajudar no quotidiano. E este é apenas o começo. Espera-se que o mercado mundial de IA chegue aos 826 mil milhões de euros até 2030, o que espelha o seu enorme potencial e alcance.

À medida que a IA continua a revolucionar diversos setores, também levanta novos desafios e riscos, pelo que se torna necessário ter diretrizes clara. É por este motivo que a União Europeia apresentou a Lei da IA, o primeiro quadro legal do mundo a regular o desenvolvimento e a utilização das tecnologias de IA.

Qual é o objetivo da nova legislação sobre IA da UE?

A Lei da IA tem dois objetivos essenciais. Em primeiro lugar, proteger-se contra o risco social que esta tecnologia pode representar em termos de privacidade, especialmente em setores de grande impacto, como os setores financeiro, da saúde ou dos recursos humanos. Em segundo lugar, criar um ambiente em que possa desenvolver uma IA responsável, de forma a que a União Europeia se mantenha competitiva e tenha uma elevada qualidade.

O que devem fazer as empresas que usam a IA na contratação de pessoas, para se prepararem para esta legislação?

O primeiro passo passa por catalogar o uso que fazem das ferramentas de IA e, a partir daí, determinar o nível de risco que cada uma apresenta e as normas aplicáveis. Deveria aproveitar-se esta oportunidade para definir a estratégia geral da empresa no que toca à IA, seja na área de recrutamento ou outras. Ter um guia como este ajudará as equipas a aferir em que áreas melhor se usa a IA e qual o nível de risco.

Quais as lições que tirámos da aplicação do RGPD e que podemos transpor para a Lei da Inteligência Artificial da UE?

Em muitos sentidos, o RGPD pode ser considerado um precursor da Lei da Inteligência Artificial. O tratamento adequado dos dados pessoais, assim como a transparência e o controlo para o utilizador final, são elementos fundamentais em ambas as leis. Quando se tem processos claros no que respeita à exatidão dos dados, torna-se mais fácil o cumprimento das regulações e fazer prova disso quando e sempre que necessário.

A IA é um tema apelativo e sobre o qual todos falamos. Por isso, vamos centrar-nos nestes três aspetos para ajudar a melhorar as práticas em matéria de Inteligência Artificial.

  1. Gestão de riscos: como o objetivo de grande parte das legislações sobre a IA e, particularmente, da Lei da IA da UE é proteger as pessoas, compreender e aplicar esta legislação já ajudará as organizações a posicionarem-se num bom caminho para implementar a IA de forma ética e justa.
  2. Data governance: de modo a garantir que a nossa empresa adota as melhores práticas em matéria de gestão e proteção de dados, deve assegurar-se que se tem um responsável por esta área, na figura de um DPO (Data Protection Officer), na organização.
  3. Supervisão humana: proceder à revisão dos resultados do uso da IA durante o processo de deteção de possíveis padrões de enviesamento da tecnologia.

Por que deveriam as organizações usar a tecnologia IA nos seus processos de recrutamento?

Existe um grande potencial para melhorar o processo de contratação com o recurso a IA. A IA pode ajudar as equipas de assistentes técnicos a ser mais eficientes e justos, o que conduzirá a um maior retorno do investimento e à erradicação da discriminação no recrutamento, humanizando este processo.

Como irá evoluir o papel do DPO na supervisão do cumprimento da IA durante os processos de recrutamento, de acordo com a nova legislação?

Os DPO irão, sem dúvida, participar ativamente na supervisão da IA e na gestão dos dados pessoais nas organizações. Também é possível que venhamos a assistir à criação de funções de Direção de IA ou similares, principalmente nas empresas que queiram entrar ou manter-se nos mercados da UE. Será fundamental que as empresas contem com especialistas que compreendam a IA e esta legislação, e possam colocá-la em prática na tomada de decisões empresariais.

Para além de cumprir com os requisitos da Lei da IA, o objetivo de contar com estes especialistas passa por ter um recurso a que os diretores possam recorrer na tomada de decisões sobre a estratégia de IA, que devem definir com vista ao futuro da empresa.

A Inteligência Artificial é uma parte importante na próxima geração de contratações e deveria gerar um impacto positivo, tanto para as equipas de recrutamento como para os candidatos.

A IA veio para ficar e ajudar-nos, seja na esfera pessoal, seja na esfera profissional, mas sempre acompanhada de supervisão e de controlo, que devemos levar sempre em conta.